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sexta-feira, 3 de junho de 2011

Notas de uma Voluntária Europeia: o desejo concretizou-se!

 Olá. O meu nome é Susana Oliveira, tenho 24, sou voluntária europeia e estou a viver em Espanha (Frómista) há quase um mês. O tempo voa aqui!

Posso começar a falar sobre a viagem até aqui. 18 horas de viagem, completamente sozinha! Correu tudo bem. Não perdi nenhum comboio, milagre! Fiquei orgulhosa. Quando cheguei a Palência estavam 3 pessoas à minha espera. Ana Maria (a minha tutora) e duas ex-voluntárias Ezster (húngara) e Louise (francesa). Foram impecáveis, não podia ter tido melhor recepção! Reconheceram-me pelas malas e pelo meu ar de perdida.

Cheguei a Frómista, conheci o meu apartamento (“favela” como carinhosamente o chamo) e os outros 3 voluntários que cá estavam desde Fevereiro… Marga, uma italiana que fala pelos cotovelos, Anthony, um francês castiço e Edo um sérvio tranquilo. Foi amor à primeira vista! Nesse mesmo dia jantei com eles e a partir daí estamos sempre que possível juntos. Nos primeiros dias o meu espanhol era ridículo e falava principalmente inglês, agora com as aulas acho que está melhor…  acho eu! Pelo menos percebem-me! Troco umas palavras lá de vez em quando e rimo-nos todos, nada de grave.

O prédio onde vivo é muito velho e falta tudo! Tenho uma televisão… que não funciona. Tenho 2 fornos… que não funcionam! Tinha uma máquina de lavar roupa… que não funcionava porque a tomada eléctrica estava avariada. Assim nas primeiras semanas semanas lavei a minha roupa à mao, lençóis inclusivamente! Agora já funciona e foi o próprio “Alcalde”, presidente cá do sitio, que veio arranjar a electricidade! Cómico! E pequenos detalhes que fazem da minha casa o sitio mais engraçado do mundo! Temos um horário para tomar banho… porque não há água quente para todas. Enfim é uma comédia! Tem 6 apartamentos e só o meu apartamento é habitado. Fui a primeira voluntária a chegar, assim fiquei a dormir sozinha 2 dias. Todos ofereceram as suas casas uma vez que é um bocadinho assustador dormir aqui sozinha (note-se que não há luz no corredor e temos de subir dois lances de escadas às escuras), mesmo assim eu decidi arriscar. Dois dias depois chegou a Lucy, uma alemã muito especial, uma amiga que este projecto me trouxe.

Há uma semana chegou a ultima voluntária, Valeria, outra italiana. Uma alegria! Cantamos imenso pela casa. Juntamo-nos muitas vezes com os outros voluntários para jantar, ver filmes etc etc. Fora estes voluntários, existem mais 12 voluntários distribuídos por várias zonas e muitos outros ex-voluntários que acabaram por ficar por espanha. Portanto, respondendo à vossa pergunta sobre a minha integração… sim, sinto-me completamente integrada. Fui bem acolhida pelos voluntários, pelas pessoas de Frómista e por todas as pessoas envolvidas no projecto onde trabalho.

Quanto ao trabalho… bem, o meu projecto inicial sofreu alterações devido a problemas de logística. Assim, neste momento, trabalho em 3 sítios diferentes. Trabalho na oficina de turismo 2 vezes por semana onde dou informações aos imensos peregrinos e turistas que passam por Frómista, entre muitas outras coisas. Trabalho também numa vivenda 2 vezes por semana com 3 pessoas com deficiência mental. Jogo com eles, ajudo nas limpezas e tarefas diárias (higiene etc), vamos ao centro social etc etc. Por último, trabalho todos as manhãs no centro social da Fundação San Cebrian, uma organização para pessoas com deficiência. Neste momento, como estudei psicologia clinica, estou a ajudar na avaliação e seguimento de 2 casos novos. É um trabalho muito recompensador. Estava um pouco indecisa quanto ao que queria fazer da minha vida… como todos os voluntários! No futuro gostava de trabalhar neste âmbito… é uma área verdadeiramente aliciante. No próximo mês vou fazer outras coisas. 

Ah! E tenho aulas de espanhol todos os dias, 2 horas! É o mais cansativo porque temos sempre mil trabalhos de casa. Apesar de tudo ainda sobra tempo para passear pelos belos campos de Frómista e estar com os outros voluntários… Comemos muito, pois todos querem mostrar os pratos típicos dos seus países. Nos fins-de-semana vamos passear, festejar… há muitos voluntários em espanha, assim temos sempre onde dormir. 

Quando á melhor experiência… penso que o contacto com os todos os voluntários abre um mundo de possibilidades… A diversidade cultural é enorme e os voluntários são pessoas muito especiais com histórias muito interessantes. Aprende-se muito! A pior experiência… sem dúvida o isolamento, a distância da família e dos amigos… é um bom teste para ver o que realmente é importante na nossa vida. A quem está a pensar inscrever-se só tenho a dizer: Força e não hesites! É também uma boa oportunidade para superares os teus medos, para conheceres os teus limites! É uma experiência muito especial e enriquecedora, sem dúvida!

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