Ficava bem dizer que pouco mais tenho a acrescentar ao grande e detalhado testemunho da Cris, mas foi tão boa e rica a experiência que poderia tentar escrevê-la num texto curto, mas não seria a mesma coisa.
Ao princípio tudo parecia irreal. Eu e o Chisoka já tínhamos procurado um intercâmbio para fazer este Verão, mas as datas de inscrição estavam todas a terminar, e o meu destino preferido sempre fora a Croácia. Por isso, quando esta oportunidade apareceu e mesmo quando disse que ia, não conseguia expectar que isso fosse realmente acontecer. Mas dia após dia as estrelinhas foram-se alinhando para nós, e acho que só quando aterramos em solo croata tivemos a certeza de que iriamos participar no Yia-YEAH.
Era, à partida, o maior desafio que já tinha enfrentado na vida. O meu mau inglês, o receio de as outras pessoas serem todas mais velhas e experientes, o desconhecimento da terra onde ia estar e da organização que ia “tomar conta” de nós toda a semana, e a certeza que o cansaço me trai muitas vezes, eram tudo inconvenientes que não passaram de o ser apenas na minha cabeça.
O primeiro dia lá, o dia extra em relação aos outros participantes, deixou antever que a organização não nos ia deixar por mãos alheias. Primeiro, o Tomi que apanhou o mesmo avião de Frankfurt para Zagreb e levou as nossas malas para a cidade onde íamos ficar alojados nessa noite. Depois, o Robert que nos foi buscar à estação de comboios em Zagreb e nos levou a conhecer a capital. Depois, a recepção de toda a organização no único e pequeno café de Marof e a boleia até Varazdin. E por último, a noite em Varazdin com o melhor de todos os que nos possibilitaram uma das melhores semanas da nossa vida.
Ainda não sabíamos bem para o que íamos, quando as coisas começaram a acontecer. Chegados a Marof pudemos logo conhecer o pessoal Romeno, com o qual nos identificamos muito desde o início. À noite esperavam-nos uma série de dinâmicas que, como a Cris referiu, nos possibilitou saber desde logo todos os nomes de todas as pessoas com quem íamos partilhar a nossa vida na próxima semana.
A partir daí, fomo-nos despindo de medos e de preconceitos, falar e conviver era uma necessidade. Todos os dias nos agrupavam em equipas diferentes, o que nos obrigava a conhecer, de facto, toda a gente. Para isso utilizavam sempre dinâmicas diferentes e muito engraçadas. Para além das dinâmicas de apresentação e de reforço do trabalho em equipa, o programa estava dividido em três partes, como a Cris já explicou.
A mim coube-me dançar, na “Folklore Society Marof”. Ao princípio não fiquei agradada, tendo associado folclore às nossas danças populares e sinfonias berrantes. Mas acabei por adorar. Tive a oportunidade de me vestir a rigor, com fatos de 20 quilos sob 40ºC, e de dançar a tarde inteira. Mas foi bom, foi realmente bom. Coube-me também ir a uma associação, “Sports Society Klujc”, onde dinamizam uma série de jogos tradicionais. Tivemos a oportunidade de disputar um jogo de futebol com a equipa feminina da casa e depois de conhecer alguns jogos tradicionais que eram, no mínimo, originais. Foi realmente divertido. No terceiro dia, tive a oportunidade de ir a uma galeria de arte onde pude terminar uma tela a guache, ouvir o boss da casa a dar cartas na guitarra e ainda de ir visitar a casa do pintor mais conhecido da Croácia, Ivan Rabuzin.
Os últimos dois dias ficaram reservados para um projecto elaborado por nós. Foi um verdadeiro trabalho de equipa, mas lá conseguimos fazer um calendário para dar a conhecer todas as associações que visitamos, um vídeo que pudemos mostrar na festa desse noite a toda a comunidade e planeamos um evento, uma espécie de festa com uma série de workshops e jogos desportivos, para toda a comunidade ver algumas das coisas que fizemos e aprendemos durante essa semana e contactar um pouco mais de perto com aqueles que nos acolheram, sempre tão bem.
À parte os dias, à noite havia sempre também festas planeadas. Desde uma noite intercultural onde pudemos revelar um pouco do nosso país, através de uma apresentação oral e de uma banca com produtos típicos regionais portugueses, passando por um jantar típico croata com toda a comunidade, e ainda por uma noite em Varazdin, onde pudemos todos dançar e divertirmo-nos, até à noite final com todas as pessoas que nos acolheram nessa semana, onde dançamos imenso e fomos brindados com a polícia que queria parar a música pois tinha recebido queixas, num lugar (acreditem) deserto de casas, mas que logo se convenceu que não podia parar vinte e cinco mais alguns forasteiros que só queriam pôr cá fora a sua satisfação e alegria.
Claro que depois de uma semana tão intensa como esta, ficamos com uma vontade enorme de meter todos os amigos que fizemos ao bolso e trazê-los connosco, e na certeza de que isso não é possível, a lágrima cai. Mas há outras coisas que trazemos e que nos tornam pessoas mais capacitadas. Comigo, trouxe um caderno cheio de dinâmicas que espero vir a aplicar em algum momento na Juventude, os contactos de todos os participantes com os quais espero continuar a conversar e a melhorar o meu inglês, uma consciência maior do que é o voluntariado e do valor que tem, um apreço enorme pelas comunidades pequenas que de tudo fazem para crescer, e um bichinho na barriga de realizar uma coisa semelhante em Braga.
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