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quinta-feira, 20 de junho de 2013

Diário de Bordo – A partida

Redescobrir as origens numa pequena aldeia do Norte de Itália
Ao início da tarde de hoje partimos até ao norte de Itália. São 2100 km de estrada, que cruzam o norte de Portugal, atravessam o país Basco em território espanhol, acompanham os Pirinéus, em terras gaulesas, até ao Mediterrâneo, circundam toda a Costa Azul do sul francês, e terminam nas aldeias bonacheironas do norte de Itália. Somos 8, uns novos, outros velhos, uns voluntários, outros profissionais. Mas antes, uma história, porque sem ela não perceberiam o que aí vem!
No dia 21 de Junho de 1859, numa pequena localidade do norte de Itália – Solferino - a Europa foi palco de uma das mais sangrentas batalhas da história do mundo. O exército francês, comandado por Napoleão, defrontava o império austro-húngaro. Seis mil soldados morreram naquele campo de batalha, e mais de 40.000 ficaram feridos. Enquanto decorria este violento confronto bélico, Henry Dunant, um jovem suíço, empresário e profundamente empreendedor, dirigia-se, sem saber, exatamente para o local onde decorria a batalha. A sua carruagem parou precisamente diante daquele cenário violento e desumano. O impacto foi de tal ordem marcante para aquele jovem, que transformou a sua vida de uma maneira radical. Incomodava-o sobretudo a assistência insuficiente aos feridos, que, quando havia, apenas contemplava um lado das forças combatentes. Desta constatação à organização de equipas de voluntários para ajudar os feridos, e escutar as últimas palavras dos soldados em fim de linha, foi um passo natural. Naquele gesto estava lançada a primeira pedra da organização que viria a tornar-se a maior rede humanitária do mundo: a Cruz Vermelha. Estava também lançado o rastilho para as Convenções de Genebra que marcam, ainda hoje, as dinâmicas dos cenários de conflito armado. Completam-se este ano 154 anos da batalha de Solferino e 150 anos da organização formal que se lhe seguiu: o Comité Internacional da Cruz Vermelha. É aqui que nos apanham.
No seio da Juventude Cruz Vermelha da Delegação de Braga da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) surgiu a ideia de celebrar este importante marco histórico através de uma peregrinação até ao local onde tudo começou. Um projeto ambicioso, e com vários obstáculos à sua concretização, mas que a força de vontade de uns, e a ajuda de outros, permitiu realizar.
Durante os próximos cinco dias partilhamos convosco os momentos que viveremos, quilómetro após quilómetro, até Solferino. Descreveremos a emoção de chegar e o encontro com gente dos quatro cantos do mundo que acorre a esta localidade do norte de Itália no mesmo espírito. Este projeto torna-se, assim, mais do que uma simples viagem pela Europa, mas um encontro com um dos momentos mais marcantes da história da humanidade, e a descoberta de uma das organizações mais carismáticas de sempre.
            A Juventude Cruz Vermelha da Delegação de Braga da CVP agradece com entusiasmo o apoio do Correio do Minho neste projeto ambicioso.
Até amanhã!
João Gomes

Este texto publicado na edição impressa do jornal Correio do Minho de Quinta-feira, 20 de Junho de 2013

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