Redescobrir as origens numa pequena
aldeia do Norte de Itália
Ao
início da tarde de hoje partimos até ao norte de Itália. São 2100 km de
estrada, que cruzam o norte de Portugal, atravessam o país Basco em território
espanhol, acompanham os Pirinéus, em terras gaulesas, até ao Mediterrâneo,
circundam toda a Costa Azul do sul francês, e terminam nas aldeias
bonacheironas do norte de Itália. Somos 8, uns novos, outros velhos, uns
voluntários, outros profissionais. Mas antes, uma história, porque sem ela não
perceberiam o que aí vem!
No
dia 21 de Junho de 1859, numa pequena localidade do norte de Itália – Solferino
- a Europa foi
palco de uma das mais sangrentas batalhas da história do mundo. O exército
francês, comandado por Napoleão, defrontava o império austro-húngaro. Seis mil
soldados morreram naquele campo de batalha, e mais de 40.000 ficaram feridos.
Enquanto decorria este violento confronto bélico, Henry Dunant, um jovem suíço,
empresário e profundamente empreendedor, dirigia-se, sem saber, exatamente para
o local onde decorria a batalha. A sua carruagem parou precisamente diante
daquele cenário violento e desumano. O impacto foi de tal ordem marcante para
aquele jovem, que transformou a sua vida de uma maneira radical. Incomodava-o
sobretudo a assistência insuficiente aos feridos, que, quando havia, apenas
contemplava um lado das forças combatentes. Desta constatação à organização de
equipas de voluntários para ajudar os feridos, e escutar as últimas palavras
dos soldados em fim de linha, foi um passo natural. Naquele gesto estava
lançada a primeira pedra da organização que viria a tornar-se a maior rede
humanitária do mundo: a Cruz Vermelha. Estava também lançado o rastilho para as
Convenções de Genebra que marcam, ainda hoje, as dinâmicas dos cenários de
conflito armado. Completam-se este ano 154 anos da batalha de Solferino e 150
anos da organização formal que se lhe seguiu: o Comité Internacional da Cruz
Vermelha. É aqui que nos apanham.
No
seio da Juventude Cruz Vermelha da Delegação de Braga da Cruz Vermelha
Portuguesa (CVP) surgiu a ideia de celebrar este importante marco histórico
através de uma peregrinação até ao local onde tudo começou. Um projeto
ambicioso, e com vários obstáculos à sua concretização, mas que a força de
vontade de uns, e a ajuda de outros, permitiu realizar.
Durante
os próximos cinco dias partilhamos convosco os momentos que viveremos,
quilómetro após quilómetro, até Solferino. Descreveremos a emoção de chegar e o
encontro com gente dos quatro cantos do mundo que acorre a esta localidade do
norte de Itália no mesmo espírito. Este projeto torna-se, assim, mais do que
uma simples viagem pela Europa, mas um encontro com um dos momentos mais
marcantes da história da humanidade, e a descoberta de uma das organizações
mais carismáticas de sempre.
A
Juventude Cruz Vermelha da Delegação de Braga da CVP agradece com entusiasmo o
apoio do Correio do Minho neste projeto ambicioso.
Até amanhã!
João
Gomes
Este texto publicado na edição impressa do jornal Correio do Minho de Quinta-feira, 20 de
Junho de 2013
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