BEM-VINDO!
Aqui poderás encontrar as últimas novidades da Delegação de Braga da Juventude Cruz Vermelha.
No final da tua visita, deixa-nos comentários ou sugestões que poderás editar no final de cada post!
Obrigado e... até breve!

domingo, 14 de julho de 2013

Diário de Bordo: dia 1 - Era uma vez uma travessia Europeia...



"Estou mesmo na Turquia!". Foi este o pensamento que me ocorreu quando, finalmente, após longas horas de espera, e voos intermináveis, me sentei na cama do quarto de hotel e olhei pela janela. 
Claro que eu sabia para onde vinha, mas com a azáfama de me candidatar à vaga quase em cima do fecho das inscrições, comprar bilhete, tirar passaporte, comprar o visto e organizar toda a minha vida, não dediquei praticamente tempo nenhum a pensar no que ia acontecer. Mas até agora está a valer muito a pena!
Do início, que é por onde se começam todas as grandes histórias: há cerca de três semanas, o João [Gomes] postou um aviso no grupo de voluntários da JCV dando conta da realização de um training internacional, em Ankara, de 13 a 23 de Julho, sobre o tema "Art & Communication". Nem pensei duas vezes, e fiz saber que estava mesmo interessada em participar. Uns dias depois veio a boa notícia: tinha sido seleccionada, a par da Maria - que eu não conhecia ainda - para participar, e às 3h30 da manhã de ontem, 13 de Julho, a aventura começou.
Apanhamos o autocarro directo ao aeroporto às 4h. Só tínhamos voo às 7h50, mas a senhora da agência de viagens insistiu tanto para chegarmos mesmo duas horas antes, que não tivemos escolha. Só tinha estado pessoalmente com a Maria umas duas vezes, e conversas de facebook e sms à parte,não sabia muito bem o que lhe dizer. Mas eram receios infundados, felizmente! Chegamos a Lisboa perto das 9h, e tivemos que esperar até às 15h pelo voo para Istambul. Achávamos que íamos morrer de tédio, mas acabou por ser bastante divertido, pois conversamos imenso, percebendo o que temos em comum, e o que nos torna únicas, e até comecei a ensiná-la a jogar às cartas. O meu objectivo é que ela aprenda a jogar à sueca até ao fim do training!
Apesar da longa duração, o voo para Istambul não foi desagradável, foi, aliás, o nosso primeiro contacto com os costumes turcos, como o de engarrafar água em recipientes típicos de iogurte...e foi também em Istambul que começaram as peripécias dignas desse nome. O aeroporto é enorme. Sem exageros, desde o terminal em que aterramos, até ao terminal para a ligação doméstica, andamos mais do que o trajecto da sede da JCV até à Creche da Delegação! Pelo meio tivemos que comprar o visto, e passar na revista do passaporte, onde o turco que nos atendeu indicou-nos o seu guichet, que, segundo ele, era o indicado para "raparigas bonitas". A parte mais engraçada é que eles gravam todas as conversas, em todos os guichets, que, de resto, foi o que me impediu de brincar com a situação - ou melhor, de brincar com a situação em inglês, porque obviamente que brincamos com a situação, ainda no balcão do jovem, mas em português. A hora de voo que nos separava de Ankara não nos esmoreceu a boa disposição, pelo contrário! De Istambul à capital cantamos todos grandes clássicos da música popular portuguesa. Oh sim, esses mesmo: Emanuel, Ágata, Romana, Excesso, Tentações, José Alberto Reis, e afins.
Já em Ankara, fomos recebidas por duas simpáticas turcas da organização, que ostentavam um cartaz alusivo ao training, com palavras escritas na língua dos diferentes países participantes. Eu disse-lhes que faltava o português, porque eu desconheço a palavra "Foda-çe", apesar de me ter apetecido usar o termo similar quando percebi que era a primeira vez que elas vinham ao aeroporto, e só não estavam mais perdidas que eu e a Maria porque sabem a língua local. Lá telefonaram para um "taksi", e fomos esperá-lo à porta. O homem até foi rápido, mas mais rápido ainda foi o dono do táxi que já lá estava parado, ao correr em direcção ao colega e insultá-lo por lhe roubar clientes. Ao contrário das pobres turcas, eu estava bastante divertida a assistir e a pensar que a linguagem corporal - um dos temas de estudo deste training - é efectivamente universal. Muito zangado, o homem lá desistiu, e o nosso taxista agarrou na nossa bagagem e colocou na mala do carro. E tal acto não teria interesse nenhum para esta história, se ele tivesse fechado a mala, coisa que não fez. Sim, leram bem, ele colocou as nossas malas meias de fora, pousou a porta sobre elas, e arrancou, como se estivesse a fazer a coisa mais normal do mundo. Eu tentei pensar positivo, mantendo aquela ideia "é só daqui ali", o problema foi quando me informaram que "daqui ali" era o equivalente a 45 minutos de viagem, visto que o hotel é em pleno centro de Ankara, e o aeroporto fica bem longe da cidade. A Maria estava num misto de riso e choro, e ambas íamos discretamente espreitando para trás, a ver se não ficava nada pelo caminho!
Chegadas ao hotel, percebemos que íamos ficar instaladas no quarto mais múltiplo, que alberga, além de nós as duas, uma romena, e três turcas. Estávamos mesmo muito cansadas, mas acedemos a ir conhecer alguns dos participantes que se encontravam na varanda, e aquilo que foi programado para meia dúzia de minutos, passou a um par de horas, com direito a traduções de letras de músicas do Quim Barreiros. Aproximamo-nos da romena que partilha o quarto connosco, que estava mais sozinha, e qual não foi a nossa (agradável) surpresa ao perceber que ela também é voluntária da Cruz Vermelha! Após 3h de conversa decidimos que íamos mesmo descansar, mas eram 3h30, e faltava mais uma surpresa. O hotel fica mesmo ao lado da maior mesquita de Ankara, e aquela é uma das cinco ocasiões diárias em que os crentes se deslocam à mesquita para rezar, sendo que o chamamento é feito para se ouvir em toda a cidade. Quando terminou aquilo que pareciam cânticos adormeci a pensar "isto promete!".

Paula Ferreira Lobo
"When I was a little boy and I could see scary things in the news, my mother would say to me 'Look for the helpers. You will always find people who are helping' ", Fred Rogers

Sem comentários:

Enviar um comentário